quarta-feira, 30 de março de 2016

PARTICIONADO, por José Eduardo Bertoncello (Poema)

PARTICIONADO
Autor: José Eduardo Bertoncello




Descubro-me CaLeIdOsCóPiCo
O Narciso no lago é Medusa
Reflexo envolvido na teia de aranha
De um espelho quebrado - As lascas são meus eus



Minha criança interior
Eu mantenho numa caixinha de joias
E esta, dentro de um cofre-forte
Longe, escondido. Diversas vezes perdi o mapa e a senha.

Minha melhor impressão
Está num medalhão, bem à vista
Sempre lustrada
Mas acho que é um amuleto supersticioso que não funciona...

Minha eficácia é uma arma enferrujando
E eu não costumava passar óleo nela
Ainda assim, eu a mantenho sempre no coldre
E, sempre com ela, até agora sobrevivi

Minha disposição para a luta,
Minha agressividade primal,
Levo para passear numa coleira
Nesses momentos, as pessoas desviam de mim

Meu lado mau eu tentei afogar num lago.
Ele voltou. Ele sempre volta.
Ele está bem atrás de mim, sinto sua respiração. Não é um anjo da guarda.
Um tipo de fera que é chamada por Luas Cheias ou coisas menores ainda.

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