segunda-feira, 25 de abril de 2016

A Horrível Conspiração Das Tenebrosas Plantas Com Olhos Malignas, por José Eduardo Bertoncello (Conto)

A Horrível Conspiração Das Tenebrosas Plantas Com Olhos Malignas
Autor: JEB (José Eduardo Bertoncello)



(Lembrem-se: Isto é uma história!)



Depois de terminar de escrever isto, vou me matar! Não aguento mais!
Philodendron bipinnatifidum, conhecido como guaimbê. Este é o nome do inimigo, essa coisa horrível na foto. A maldita planta telepata alienígena!
E só eu sei disso... Minha nossa! MINHA NOSSAAA!!!
Minha tragédia começou cedo, quando eu era muito criança... Na idade em que a ingenuidade nos dava felicidade. Foi numa tarde, depois de assistir a Jonny Quest, Space Ghost ou Scooby Doo... Disso, não lembro. Mas eu lembro muito bem do que aconteceu depois. E como eu gostaria de esquecer...!
Esconde-esconde. Maldita brincadeira! Nunca brinque de esconde-esconde, não deixem seus filhos brincarem! Querendo vencer, achei que havia encontrado um bom lugar e me enveredei entre as folhas grandes. Adentrei uma pequena floresta, que para uma criança parecia a própria África misteriosa. E lá eu vi. Aquela coisa. Ela era a própria floresta, que era um disfarce para si, para seu mal poder crescer.
Uma forma serpentina, tentacular, que saída do solo como morto-vivo, seu corpo cheio de olhos enormes esbugalhados, revirados para cima como os de um cadáver. Tentáculos saiam de algumas partes – Não eram raízes! Sobre o corpo-cabeça uma coroa verde, o símbolo de alguma autoridade terrível sobre o espaço sombreado, quase escuridão, que as folhas geravam. E no centro da coroa, uma flor-fruto estranha, fálica, branca como leite. Ela atraia insetos, que faziam o único barulho dentro dos domínios da planta.
Até que eu senti. Senti terrivelmente: Ela pensava, ela tinha vontade própria, e ela era maligna. Eu saí correndo de lá, tenho certeza de que momentos antes que ela decidisse abandonar seu disfarce e me pegar. Antes que os olhos se voltassem para mim, antes que as folhas me pegassem como garras verdes de muitos dedos. Antes que me forçasse a comer seu fruto corrupto e me envenenasse.
Tenho certeza de que os olhos iam se mexer. Tenho certeza de que escapei por um triz.
Nunca mais voltei até aquela área... Mas a planta não me deixou em paz. Passei a sonhar com ela. Pesadelos horríveis.
Eu fiquei marcado. As malditas plantas devem ser telepatas, devem manter uma rede... Cada vez que topava com uma delas, tinha aquela certeza carnal de minha infância, além da lógica e dos fatos: Todos as guaimbês sabiam de mim. E deve ser com essa maldita telepatia vegetal que me assombraram com todos os pesadelos que tive. Elas devem ter tentado me pegar mentalmente.
Uma vez, já mais velho, quando minha ansiedade me fez começar a frequentar hospitais, eu vi uma mulher entrando numa daquelas pequenas selvas demoníacas... O hospital mantinha um desses monstros bem cuidado em seu jardim! Inacreditável! E creio que, oh meu Deus, ela estava procurando seu filho e outras crianças! Crianças haviam desaparecido lá! Provavelmente, estiveram brincando de esconde-esconde! Como fazemos besteiras quando somos pequenos! A mulher entrou e eu não a vi sair. Minha mãe me levou embora pouco tempo depois dela entrar, então não posso ter certeza.
Mas eu TENHO certeza, essa certeza que surge nos ossos e nas entranhas: Eles foram pegos!
Pobres criancinhas...
Há cada vez mais guaimbês pela cidade. Agora que te alertei, você perceberá isso! Com a telepatia elas devem fazer as pessoas ignorá-los, mas agora você sabe, vai ver. Cada vez mais... E há pessoas que as mantém em vasos... Minha nossa, já vi um decorador falar de usá-las como plantas decorativas como se fosse a última moda!
Devem ser alienígenas! Só podem ser! Pense nisso: Conquistadores extraterrestres disfarçados entre nós!
Mas eu não vou ser pego! Cansei dos sonhos nos quais as plantas conseguem se mexer e me pegar. Cansei dessas vozes que elas fizeram brotar em mim (Foram elas, as malditas!), de todos esses remédios que tive de começar a tomar... Vou resolver isso hoje, com a fumaça de meu carro. Só vou cuidar de mandar isso para as pessoas. Em meu blog que quase ninguém lê, nas minhas páginas com poucos amigos das redes sociais e via e-mail.
Eu não sou louco! Vocês estão em perigo! As guaimbês vão pegá-los! As guaimbês estão entre nós!

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Poema, de Ivan Vagner Marcon

neste

outono


(juro)


revirarei


nossos velhos guardados...


os que viverem


        verão.          





Autor: Ivan Vagner Marcon



terça-feira, 12 de abril de 2016

EPIFANIA VERDE, por Sergio Diniz Da Costa (Poema)

 EPIFANIA VERDE
Autor: Sergio Diniz Da Costa




O vento passou e roçou
as folhas da jovem árvore
E ela, num súbito êxtase,
umedeceu o chão
num sublime orgasmo verde.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Banana Verde
Autor: Nilson Araujo


Uma vida cheia de sonhos

Deixados num canto qualquer

Por coisas que não estão certas

Por coisas que não deram certo

Sonhos embrulhados em jornais

Guardados e amadurecendo sozinhos

Alguns já passados, perdidos

Outros bem verdinhos

Porém todos embrulhados


Poema, por Ivan Vagner Marcon

Imagem: https://frasesdavida.files.wordpress.com/2013/11/ampulheta.jpg


Tempo: 
nossa
frágil 
mortalidade
(um conta-gotas 
com
sabor de eternidade).

Autor: Ivan Vagner Marcon


Pausa, por Nilson Araujo

Pausa
Autor: Nilson Araujo


Quando o tempo te dá uma trégua

Na falsa realidade de que a tormenta parou

Não perca sua sombra de vista

Não fixe seu olhar nos pés de alguém parado

Olhe para o céu, mesmo que de relance

E sinta o vento empurrando as nuvens

O tempo não pára

Imagem: http://www.carolinaaugusta.com.br/wp-content/uploads/2013/04/CA-cronica.jpg

Poema, por Marcelo Rehder Borba

Nas grotas e rincões desse nosso interior
Na madrugada o galo canta
Neste momento o matuto se levanta.
Porém, o que a muitos encanta
Na minha manhã me causa horror.
Levanto cedo tal qual o lavrador
Pois o canto de outra ave se agiganta
É o arrulhar das pombas agressor.
Pobre de mim, sofredor!
Já fiz de tudo, não adianta
Peço conselho a alguma alma santa
Cuja mente nesse grupo se abrilhanta:
Como acabar com o barulho perturbador?


Autor: Marcelo Rehder Borba

ALFINETES..., por Samanta Holtz

ALFINETES...
Autora: Samanta Holtz


Há dias que nossa "timeline" parece um paredão de indiretas e alfinetadas (isso quando nós mesmos não fincamos nossos próprios alfinetes ali...!).

Claro que é péssimo quando alguém tenta nos atingir com maldade. Eu mesma já passei por isso, e a vontade é de dizer um monte de coisas, mostrar que saímos por cima, que aquilo não nos atingiu. No entanto, notei o seguinte: a partir do momento em que nos damos o trabalho de publicar algo a respeito, mesmo que seja para dizer "você não me atinge", é sinal de que a pessoa conseguiu, sim, nos afetar. Ela venceu. E o que vai acontecer? Ela vai continuar provocando!

"Haters" sempre existirão. E qual é o nosso maior escudo contra eles? O silêncio. Sim, eu sei que parece difícil se calar... mas, se a vontade de desabafar ou xingar for tanta, escreva em um pedaço de papel, só pra você, depois vá em um lugar seguro e queime. E, enquanto observa o papel queimar, veja queimar também todo o ódio da pessoa contra você e os sentimentos ruins que aquilo provocou. Deixe ir embora!

E uma técnica que, para mim, sempre funciona? Reze por aquela pessoa. Deseje o bem a ela. Do fundo do coração. Porque, se ela precisa semear o mal para se sentir bem, é porque não está bem consigo mesma. Então deseje-lhe coisas boas. Assim, ela viverá em paz consigo mesma e com outros, inclusive com você!

Imagem: http://sociedadedospoetasporvir.blogspot.com.br/


A maldade de alguém é como uma fogueira; quanto mais você pensar nisso, falar sobre isso ou demonstrar que o calor dela o alcançou, é como se jogasse mais e mais gravetos para alimentá-la. Indiretas não vão mudar a opinião da pessoa a seu respeito, não vão fazê-la pedir desculpas, só vão dar mais força para que ela tente atingi-lo com ainda mais força na próxima vez.

E o maior benefício por trás disso: à medida que você para de dar atenção à maldade alheia e concentra suas energias só no que é bom, cada vez mais bondade (e menos maldade) chega até você. Parece mágica!

Pratique seu silêncio. Se precisar excluir a pessoa, exclua. Se precisar se resolver com ela, converse em particular, com o coração tranquilo. Se precisar denunciá-la, procure ajuda profissional. Mas não deixe o fogo de outra pessoa te queimar. Não deixe que o veneno dela se espalhe em você e o leve a dizer e pensar coisas ruins também. Acredite: é o que ela quer!

Paz e bem a todos!

(Publicado originalmente na página da autora:

Sonhei com você, por Nilson Araujo

Sonhei com você
Autor: Nilson Araujo


No tempo que passou
Eu nunca estive lá
Não pude entender
Mas te vi passar
Estendi a mão
Mas não te senti
Então caminhei buscando

No tempo que passou
Eu sempre estive aqui
Não pude te ver
Mas te quis comigo
Estendi a mão
Mas não te alcancei
Então acordei chorando


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Janela da cozinha
Autor: Nilson Araujo

O som do vento anuncia
Vem chegando frente fria
O copo cheio d’água
Sozinho sobre a pia

"Porque a vida precisa de muito mais", por Sergio Diniz da Costa

"Porque a vida precisa de muito mais"*
Autor: Sergio Diniz da Costa


É isso mesmo, cara amiga, 
"Porque a vida precisa de muito mais". 
Muito mais do que o apenas comum, 
O apenas igual, a mesma cor,
O mesmo sabor (insípido). 
A vida precisa de mais ardor,
Ardência ou demência, 
Mas, sobretudo, clemência. 
E, para isso, precisa daquele que, 
Feito antena, empunha a pena, 
Que, ainda que pequena, 
De suas tintas colore páginas
do Livro da Vida.

Uma, duas... centenas.




* Este poema nasceu de uma postagem feita no Facebook por uma amiga e escritora (Adriana da Rocha Leite), a qual, no dia 25 de julho de 2015, considerado o Dia do Escritor, fez uma homenagem a todos os escritores, utilizando, logo no início, esta frase: “porque a vida precisa de muito mais”.