A Horrível
Conspiração Das Tenebrosas Plantas Com Olhos Malignas
Autor: JEB (José
Eduardo Bertoncello)
(Lembrem-se: Isto é
uma história!)
Depois de
terminar de escrever isto, vou me matar! Não aguento mais!
Philodendron
bipinnatifidum, conhecido como guaimbê. Este é o nome do inimigo, essa coisa
horrível na foto. A maldita planta telepata alienígena!
E só eu sei
disso... Minha nossa! MINHA NOSSAAA!!!
Minha tragédia
começou cedo, quando eu era muito criança... Na idade em que a ingenuidade nos
dava felicidade. Foi numa tarde, depois de assistir a Jonny Quest, Space Ghost
ou Scooby Doo... Disso, não lembro. Mas eu lembro muito bem do que aconteceu
depois. E como eu gostaria de esquecer...!
Esconde-esconde.
Maldita brincadeira! Nunca brinque de esconde-esconde, não deixem seus filhos
brincarem! Querendo vencer, achei que havia encontrado um bom lugar e me
enveredei entre as folhas grandes. Adentrei uma pequena floresta, que para uma
criança parecia a própria África misteriosa. E lá eu vi. Aquela coisa. Ela era a
própria floresta, que era um disfarce para si, para seu mal poder crescer.
Uma forma
serpentina, tentacular, que saída do solo como morto-vivo, seu corpo cheio de
olhos enormes esbugalhados, revirados para cima como os de um cadáver.
Tentáculos saiam de algumas partes – Não eram raízes! Sobre o corpo-cabeça uma
coroa verde, o símbolo de alguma autoridade terrível sobre o espaço sombreado,
quase escuridão, que as folhas geravam. E no centro da coroa, uma flor-fruto
estranha, fálica, branca como leite. Ela atraia insetos, que faziam o único
barulho dentro dos domínios da planta.
Até que eu
senti. Senti terrivelmente: Ela pensava, ela tinha vontade própria, e ela era
maligna. Eu saí correndo de lá, tenho certeza de que momentos antes que ela
decidisse abandonar seu disfarce e me pegar. Antes que os olhos se voltassem
para mim, antes que as folhas me pegassem como garras verdes de muitos dedos.
Antes que me forçasse a comer seu fruto corrupto e me envenenasse.
Tenho certeza
de que os olhos iam se mexer. Tenho certeza de que escapei por um triz.
Nunca mais
voltei até aquela área... Mas a planta não me deixou em paz. Passei a sonhar
com ela. Pesadelos horríveis.
Eu fiquei
marcado. As malditas plantas devem ser telepatas, devem manter uma rede... Cada
vez que topava com uma delas, tinha aquela certeza carnal de minha infância,
além da lógica e dos fatos: Todos as guaimbês sabiam de mim. E deve ser com
essa maldita telepatia vegetal que me assombraram com todos os pesadelos que
tive. Elas devem ter tentado me pegar mentalmente.
Uma vez, já
mais velho, quando minha ansiedade me fez começar a frequentar hospitais, eu vi
uma mulher entrando numa daquelas pequenas selvas demoníacas... O hospital
mantinha um desses monstros bem cuidado em seu jardim! Inacreditável! E creio
que, oh meu Deus, ela estava procurando seu filho e outras crianças! Crianças haviam
desaparecido lá! Provavelmente, estiveram brincando de esconde-esconde! Como
fazemos besteiras quando somos pequenos! A mulher entrou e eu não a vi sair.
Minha mãe me levou embora pouco tempo depois dela entrar, então não posso ter
certeza.
Mas eu TENHO
certeza, essa certeza que surge nos ossos e nas entranhas: Eles foram pegos!
Pobres
criancinhas...
Há cada vez
mais guaimbês pela cidade. Agora que te alertei, você perceberá isso! Com a
telepatia elas devem fazer as pessoas ignorá-los, mas agora você sabe, vai ver.
Cada vez mais... E há pessoas que as mantém em vasos... Minha nossa, já vi um
decorador falar de usá-las como plantas decorativas como se fosse a última
moda!
Devem ser
alienígenas! Só podem ser! Pense nisso: Conquistadores extraterrestres
disfarçados entre nós!
Mas eu não vou
ser pego! Cansei dos sonhos nos quais as plantas conseguem se mexer e me pegar.
Cansei dessas vozes que elas fizeram brotar em mim (Foram elas, as malditas!),
de todos esses remédios que tive de começar a tomar... Vou resolver isso hoje,
com a fumaça de meu carro. Só vou cuidar de mandar isso para as pessoas. Em meu
blog que quase ninguém lê, nas minhas páginas com poucos amigos das redes
sociais e via e-mail.
Eu não sou
louco! Vocês estão em perigo! As guaimbês vão pegá-los! As guaimbês estão entre
nós!